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Água no Bico

Faço parte do grupo assumido de pessoas que tem, ou diz ter, um estilo de vida saudável. Faço exercício físico e tento evitar ao máximo tudo o que seja alimentos processados e sou fã fervorosa da combinação “sem glúten, sem lactose, sem açucar”!! Mas tudo com moderação, claro… Acredito que temos de levar a vida com descontração e fundamentalismos não é comigo.

No entanto, muitas vezes vejo-me a evitar fazer refeições fora de casa e ando sempre com comida atrás porque, mesmo que vá a um restaurante e escolha pratos que correspondam às minhas restrições, acabo sempre com um peixe/carne grelhados e brócolos cozidos. Não que seja mau, gosto bastante e é uma coisa que como de bom grado! Mas, sempre senti falta de um espaço que cumprisse os “meus” requisitos, em que se dedicassem totalmente a uma cozinha o mais natural possível e, ao mesmo tempo, um restaurante em que consigo levar todos os meus amigos, sem que achem que estão a comer coisas “esquisitas”, sem sabor e sem graça.

Então, não é que alguém me ouviu? É a lei da atracção, que trouxe o Nuno Carrusca, directamente de Berlim, para o Polo Cultural das Gaivotas (na Rua das Gaivotas, em S. Bento). O seu espaço chama-se Água no Bico e passou a ser a minha cozinha preferida, em Lisboa, a seguir à da minha casa! É o primeiro restaurante, em Lisboa, a ter no menu opções Paleo (a famosa dieta do paleolítico), mas também temos para os amigos vegetarianos e até crudurivoros! Assim que entramos no restaurante, damos de caras com a sua horta, num frigorífico transparente, onde estão legumes frescos e cheios de cor. Podemos ainda observar os fantásticos bolos dispostos na vitrina, maioritariamente vegetarianos, sem glúten e sem açúcar, que nos faz duvidar se realmente serão inofensivos! Aqui falo com conhecimento de causa, sei que é um desafio reproduzir bolos e doces sem a farinha, açúcar e manteiga e o Nuno é um génio por conseguir pôr de pé, com tanta perfeição, estas gulodices.

Desengane-se quem pensa que aqui vai encontrar os tradicionais pratos com tofu e seitã, ingredientes quase obrigatórios no que diz respeito a menus saudáveis. Aqui apenas prevalece o natural, brincando com especiarias, adoçantes naturais, ervas aromáticas cortadas na hora, dando sempre lugar aos sabores mais genuínos dos alimentos que, ao serem criteriosamente escolhidos pelo Nuno, possuem todas as suas características inalteradas.

No Água no Bico o menu é sempre surpresa, até para o próprio Nuno, que todos os dias define os menus, tanto para o almoço como para o jantar! Escritos nos quadros amorosos de ardósia, podemos constatar que monotonia não é palavra que descreva esta cozinha, que tanto tem caril de legumes com leite de côco, como veado estufado e até o tradicional bacalhau de cebolada com hortelã! Estão a ver do que falo?

Nas bebidas temos algo muito especial, tirando os sumos naturais e a infusão de menta fresca, que são as bebidas probióticas. Entre três, destaco o fresquíssimo e surpreendentemente saboroso Ginger Ale, fermentado com kefir! Este tesouro é o único Ginger Ale que me vão ver beber nesta vida, acho que nunca bebi nada igual e casa muito bem com qualquer que seja o prato escolhido.

No menu podemos encontrar alguns complementos que não veremos noutros restaurantes, como pão sem glúten, manteiga de caju e, vá, não desesperem…vinho biológico! Existem também opções de menus de almoço, de terça a sexta-feira, servidos entre as 12h e as 15h, com várias combinações. Podem escolher o menu mais económico, que combina uma fatia de tarte com salada, uma bebida e café (5€), um menu intermédio, que acresce a sopa (6,5€) e o menu mais substancial que é composto por sopa, o prato especial do dia, bebida, sobremesa e café (10€). Considero, portanto, um restaurante bastante acessível, tendo em conta o espaço e a qualidade dos ingredientes utilizados, bem como a confecção cuidadosa do Nuno, que tanto amor põe nas suas criações.

Tenho de referir que quando estava a sair do restaurante, estava o Nuno literalmente com a mão na massa, a amassar o pão que servem ali, que se for sempre tão bom como o que comi, aromatizado com alecrim, faz deste um dos meus pães preferidos de sempre.

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